Comunicado da ATTAC Marrocos
1 de Fevereiro de 2013 por ATTAC/CADTM Maroc
Tradução do comunicado da ATTAC CADTM MARROCOS sobre a actual situação económica e social e a repressão que está a ser infligida ás mobilizações populares.
Neste inicio de 2013 em Marrocos estamos a testemunhar uma escalada de repressão contra todas as formas de protesto social. Isto é comprovado pelas intervenções selvagens contra as manifestações e concentrações, a prisão e o julgamento de militantes activos, a intimidação de todo o tipo contra eles. O Estado tenta estabelecer um clima de terror e criminalizar a resistência. Entre eles, o Movimento 20 de Fevereiro (M20F) que advoga a democracia e a justiça social, as lutas sindicais em defesa das conquistas obtidas no sector público (educação, saúde, justiça,…) e privado (minas, têxtil, hotelaria, agricultura,…), a luta dos licenciados desempregados pelo seu direito ao trabalho (apesar da feroz repressão, continuam as suas acções diárias em Rabat). As mobilizações em defesa dos serviços públicos, a luta pelo direito à habitação e contra o alto custo de vida nas cidades sofrem a mesma sorte. Nas zonas rurais, os seus habitantes exigem infraestruturas básicas que faltam drasticamente em regiões isoladas. As mulheres vítimas dos efeitos desastrosos do sistema de micro-créditos e os migrantes subsaharianos que sofrem a repressão das autoridades e o racismo também se mobilizam e também sofrem a repressão, encarceramento e julgamentos injustos.
Todas estas mobilizações reflectem o fracasso das políticas neo-liberais e a ofensiva repressiva do estado mostra a sua determinação em levar a carga da crise ás massas populares, sem vacilar em pisar a liberdade de opinião e de expressão e os direitos humanos.
Quebra das opções neo-liberais num contexto de crise mundial do capitalismo
A crise mundial o fracasso das opções neo-liberais ditadas pelas instituições financeiras e comerciais internacionais. A dependência do nosso país perante as grandes potências é um sintoma deste fracasso. De facto, o valor das nossas exportações cobre somente 47% das nossas importações. O ano de 2012 finalizou com um défice comercial de 200 biliões (24%do PIB
PIB
Produto interno bruto
O produto interno bruto é um agregado económico que mede a produção total num determinado território, calculado pela soma dos valores acrescentados. Esta fórmula de medida é notoriamente incompleta; não leva em conta, por exemplo, todas as actividades que não são objecto de trocas mercantis. O PIB contabiliza tanto a produção de bens como a de serviços. Chama-se crescimento económico à variação do PIB entre dois períodos.
). As políticas de abertura para atrair investimento estrangeiro (IED) e os acordos de livre comércio destroem o tecido produtivo nacional já por si débil, provocam despedimentos e baixam os salários e reduzem as receitas aduaneiras. A privatização das grandes empresas públicas rentáveis e a delegação da gestão dos serviços públicos ao capital privado contribuem para a saída de divisas em forma de dividendos. Resultado: as finanças públicas estão esgotadas e o Estado convertido num recorrente à dívida.
Espiral da dívida e a austeridade
A dívida pública (interna e externa) de Marrocos alcançou 538 biliões de DH (aproximadamente 70% do PIB) em setembro de 2012. O seu serviço é de 108 biliões de DH. Se comparamos a dívida anual com o orçamento para a educação (51 biliões), saúde (12 biliões) ou os investimentos públicos (59 biliões), fica claro que nenhum desenvolvimento económico e humano é possível sem o cancelamento da dívida. E essa é a nossa reivindicação.
Para nossa desgraça, o Estado faz o nosso país entrar em pleno na infernal espiral da dívida. O empréstimo de 1 bilião de euros em 2010 e de 1,5 milhões de dólares em dezembro de 2012 confirma esta tendência do plano de austeridade a seguir. No menu: congelamento de salários, diminuição do gasto público nos sectores sociais, desmantelamento do sistema de subvenções dos produtos básicos e do sistema de pensões.
São pois as massas populares quem pagam a crise. Os impostos representam mais de 63% das receitas do Estado na lei de finanças para o ano de 2013 e serão suportados principalmente pelos consumidores e os assalariado, enquanto que a participação das empresas privadas e os ricos permanecerá baixos porque desfrutam de isenções fiscais, subvenções e acesso à terra a preços irrisórios.
O Estado tenta antecipar-se ás resistências operárias e populares que se desenrolam em todas as frentes com uma feroz repressão e um ódio encarniçado sobre todas as estruturas combativas organizadas ou não organizadas: M20F, sindicatos, associações de licenciados no desemprego, defensores dos direitos humanos, vítimas do sistema de micro-créditos, militantes de ATTAC, etc.
Neste contexto, a nossa associação ATTAC CADTM Marrocos:
Condena fortemente esta onda de repressão e expressa a sua solidariedade com as suas vítimas
Exige a libertação de todos os presos políticos e solidariedade para com as suas famílias
Apela a uma ruptura radical com as actuais opções neo-liberais com o objectivo de conseguir um verdadeiro desenvolvimento económico e social centrado na satisfação das necessidades básicas das classes populares e em garantir a soberania alimentar
Reafirma a sua intenção em cancelar a dívida pública marroquina. Uma decisão que proporcionará encontrar recursos suficientes para injectar nos sectores sociais e para nos libertarmos da dependência das potências imperialistas e recuperar a nossa soberania.
Secretariado Nacional.
Rabat , 15 de janeiro de 2013
Difundido em língua portuguesa por O Viajante Anti-Totalitário
Traducción: CGT Andalucia
membre du réseau CADTM, l’Association pour la Taxation des Transactions en Aide aux Citoyens au Maroc (ATTAC Maroc) a été créée en 2000. ATTAC Maroc est membre du réseau international du Comité pour l’annulation de la dette du tiers monde (CADTM) depuis 2006 (devenu Comité pour l’abolition des dettes illégitimes depuis juin 2016). Nous comptons 11 groupes locaux au Maroc. ATTAC veut être un réseau aidant à l’appropriation par les acteurs engagés dans l’activité sociale, associative, syndicale et plus largement militante des enjeux de la mondialisation sur les problématiques de résistance sociale et citoyenne.
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