Há 30 anos que o CADTM milita nos 4 continentes ao lado de homens e mulheres no combate pela emancipação dos povos contra o imperialismo, o neocolonialismo, o capitalismo e o patriarcado, a partir da perspectiva da dívida.
CADTM
comissão para a abolição das dívidas ilegítimas
= 30 anos de luta contra a dívida
Seriamente perturbados pelo vírus COVID,
a maioria dos encontros é feita através da Internet,
com intervenções vindas da RD do Congo, Marrocos, Sri Lanka, França, Brasil, Índia, África do Sul, Argentina...
E um pequeno flashback para quando o CADTM tinha 20 anos:
Myriam Bourgy:
Uma organização como a CADTM mostra que é possível
agir diretamente sobre um assunto como a dívida
o que parece difícil, mas que é central, tanto no Sul como no Norte.
Virginie De Romanet:
A mudança de nome em 2013 foi hiper relevante
passar do «Comitê para o Anulação da Dívida do Terceiro Mundo».
ao «Comitê para a Abolição das Dívidas Ilegítimas»,
já que não estamos trabalhando apenas no Sul, mas também no Norte.
AS ORIGENS DO CADTM
Nos anos 80, foram Fidel Castro em Cuba e Thomas Sankara no Burkina Faso que militavam para o cancelamento da dívida.
Eric Toussaint:
Thomas Sankara se convenceu a partir de 1985,
que era absolutamente necessário parar de pagar a dívida.
Em 16 de outubro de 1987, ha 33 anos e 2 dias, ele foi assassinado.
Porque ele era uma ameaça para outros chefes de Estado.
e para as grandes potências como a França,
que considera que Burkina Faso, como os outros países da África Ocidental
são parte de seu quintal.
E depois a figura de Fidel Castro pedindo a suspensão dos pagamentos da dívida
com a palavra de ordem: a dívida é impagável e ela e imoral.
Tudo isso originou um poderoso movimento de solidariedade com os países do Terceiro Mundo.
e em 1989 foi lançada uma grande campanha na França
que foi chamada de «Ça suffat comme ci». Um trocadilho que significa «Já chega disso».
E foi na esteira desta grande iniciativa na França
que ecoava o que estava acontecendo na América Latina e na África.
que o CADTM nasceu em março de 1990.
Virginie De Romanet:
Eu não tinha absolutamente nenhum conhecimento sobre a questão da dívida.
Eu tinha a ideia geral de que os países pobres tinham tomado dinheiro emprestado
e porque eram países pobres, não conseguiam pagar. Mal sabia eu que a dívida tinha sido emprestada conscientemente...
para manter as ditaduras, o sistema capitalista
e que os países já haviam reembolsado varias vezes
e que eles ainda estavam tão endividados, se não mais.
Najla Mulhondi:
Para mim, a ligação entre colonialismo e dívida,
é esta relação com a opressão, com a dominação injusta, injusta e até mesmo desumana.
Eva Betavatzi:
Descobri o CADTM porque em 2013-2014 eu vivi em Atenas.
Eu tinha perdido meu emprego e estava me perguntando por quê.
Todos me disseram que era a crise da dívida,
que a Grécia era uma colônia da dívida.
Comecei a estudar a questão do endividamento e foi assim que descobri o CADTM.
e que eu comecei a trabalhar com a equipe
para descobrir de onde vinha a dívida grega.
Em 2016, participei da Comissão de Auditoria para a Verdade sobre a dívida grega.
e tinham ampliado o campo de análise à dívida privada...
e, em particular, sobre as dívidas relacionadas à moradia,
porque, na época, havia vários gregos que estavam ameaçados de expulsão.
por não pagamento de sua hipoteca.
Havia uma enorme quantidade de empréstimos improdutivos,
empréstimos não pagos para o banco,
e a Troika e, em particular, o BCE (Banco Central Europeu)
estavam pressionando para que esses empréstimos fossem comprados por fundos de abutres.
para «limpar» os balanços dos bancos.
E foi assim que consegui ligar a questão da dívida pública grega
às questões da dívida privada.
Anaïs Carton:
Acabei de entrar para o CADTM. Sou o mais novo membro da equipe.
Estou bastante comprometida com a questão da luta dos migrantes sem documentos.
e estou tentando revisitar esta relação de dominação, entre a questão da dívida e da migração.
Robin Delobel:
Um momento importante que me lembro muito bem é o Fórum Social Mundial de Tunis em 2013.
onde encontrei muitas pessoas da rede internacional e também no Marrocos.
Participei em 2016 de uma contra cimeira organizada por Attac CADTM-Marrocos.
onde conheci muitos marroquino(a)s mobilizado(a)s.
Christine Vanden Daelen:
Tendo visto todos os excessos da cooperação internacional...
e vendo que era de fato o contrário de tudo o que eu queria...
e tudo o que eu esperava, eu pensava para mim mesmo:
«Como posso agir internacionalmente morando na Bélgica»?
Joaldo Domínguez:
Me interessei na divida porque acho que é um mecanismo
de dominação histórica, que impede que os povos se desenvolvam adequadamente.
e que ameaça todo o potencial do povo.
Portanto, acho que se os países se focam em organizar auditorias cidadãs da dívida
e ver qual parte da dívida é legítima e qual parte é ilegítima.
e não tem que ser paga,
eles terão condição de desenvolver muitos projetos de saúde, educação e infraestrutura.
Eva Betavatzi:
Hoje estamos fazendo cada vez mais trabalho de campo.
Estamos com os movimentos que lutam pela saúde, pela moradia,
ontem falamos com o movimento para a educação.
Nos movimentos populares, há um interesse crescente
para as questões da dívida privada e pública.
Foi assim que ampliamos nosso campo de análise.
CADTM = CONVERGÊNCIA DAS LUTAS
CADTM = AGIR
CADTM = DÍVIDA NO NORTE ASSIM COMO NO SUL
CADTM = REDE INTERNACIONAL
Diretor: Chris Den Hond
participou na fundação do CADTM Bélgica em 1990 e é vídeo-jornalista. Escreve sobre as lutas no Médio Oriente, onde se desloca regularmente. Colabora no Monde diplomatique e no Orient XXI.