28 de Agosto de 2008 por Eric Toussaint , Damien Millet
Com os enormes erros em seus cálculos sobre a pobreza, toda a estrutura das políticas internacionais atuais contra a pobreza cae por terra
Com os enormes erros em seus cálculos sobre a pobreza, toda a estrutura das políticas internacionais atuais contra a pobreza cae por terra
O Banco Mundial acaba de reconhecer erros importantes em seus cálculos sobre a situação mundial da pobreza. De fato, enquanto «as estimativas sobre a pobreza estabelecidas pelo Banco Mundial têm melhorado graças aos dados mais confiáveis sobre o custo da vida», o resultado constitui por si só um violento questionamento acerca das estatísticas elaboradas por essa instituição, que atravessa uma gravíssima crise de legitimidade há vários anos: de um só golpe, o banco Mundial acaba de descobrir que «400 milhões de pessoas a mais do que se pensava vivem na pobreza». Isso é mais do que a metade da população da África subsahariana!
Isso reflete, sobretudo, a falta de fiabilidade das estatísticas publicadas pelo banco Mundial; estatísticas que servem, fundamentalmente, para avalar as políticas neoliberais impostas por todo o mundo por seus próprios experts. Segundo seu comunicado: «1.400 bilhões de pessoas que vivem nos países em desenvolvimento (1 de cada 4), subsistiam com menos de 1,25 dólares diários em 2005», enquanto que as estimativas anteriores giravam em torno a 1 bilhão de pessoas. No entanto, o Banco Mundial não deixa de alegrar-se, já que o que conta para ele não é o número de pobres, mas a proporção de pessoas pobres. Por que? Porque com a demografia mundial galopante esta cifra permite mais facilmente fazer-se ilusões: se, por exemplo, o número de pessoas pobres se estanca, a proporção de pobres se reduzirá automaticamente com o passar dos anos.
Por essa razão, o chamado «objetivo do milênio» consiste em reduzir à metade, entre 1990 e 2015, a proporção da população cuja renda é inferior a um dólar por dia. Porém, com os enormes erros do banco Mundial em seus cálculos sobre a pobreza, toda a estrutura das políticas internacionais atuais contra a pobreza cae por terra. As políticas de ajuste estrutural (redução dos orçamentos sociais, recuperação dos custos nos setores de saúde e educação, agricultura orientada à exportação e redução dos cultivos alimentícios, abandono da soberania alimentar etc.), impostas pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pelo Banco Mundial desde início dos anos 80, tem deteriorado as condições de vida de centenas de milhões de pessoas no mundo.
A esse respeito, não faltam críticas ao Banco Mundial, posto que Thomas Pogge, professor da Universidade de Columbia, escrevia recentemente: «Os sistemas de cálculo do banco Mundial são extremamente duvidosos. Há razões para pensar que com um sistema mais crível se observaria uma tendência mais negativa e uma pobreza muito mais estendida. [...] Enquanto o sistema atual do Banco Mundial e os dados que se baseiam nele conservem seu monopólio nas organizações internacionais e na investigação universitária sobre a pobreza, não se poderá abordar esse problema seriamente».
O BM tem demonstrado seu fracasso tanto no terreno estatístico quanto no político. Mais do que nunca, deve ser fixado um triplo objetivo: o abando da doutrina do ajuste estrutural, a abolição do BM e sua substituição no marco de uma nova estrutura institucional internacional. (Tradução ao português: Adital)
Damien Millet é o porta-voz do CADTM França (Comitê para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo) e autor do livro L’Afrique sans dette, CADTM/Syllepse, 2005.
Eric Toussaint é o Presidente do CADTM Bélgica e autor da obra Banque du Sud et nouvelle crise internationale, CADTM/Syllepse, 2008.
Por Michelle Amaral da Silva
docente na Universidade de Liège, é o porta-voz do CADTM Internacional.
É autor do livro Bancocratie, ADEN, Bruxelles, 2014,Procès d’un homme exemplaire, Editions Al Dante, Marseille, 2013; Un coup d’œil dans le rétroviseur. L’idéologie néolibérale des origines jusqu’à aujourd’hui, Le Cerisier, Mons, 2010. É coautor com Damien Millet do livro A Crise da Dívida, Auditar, Anular, Alternativa Política, Temas e Debates, Lisboa, 2013; La dette ou la vie, Aden/CADTM, Bruxelles, 2011.
Coordenou o trabalho da Comissão para a Verdade sobre a dívida pública, criada pela presidente do Parlamento grego. Esta comissão funcionou sob a alçada do Parlamento entre Abril e Outubro de 2015.
17 de Fevereiro, por CADTM , Eric Toussaint , Tariq Ali , Dianne Feeley , Miguel Urbán Crespo , Gilbert Achcar , Colectivo , Fatima Zahra El Beghiti , Myriam Bregman , Noam Chomsky , Fernanda Melchionna , Suzi Weissman
15 de Fevereiro, por Eric Toussaint
Avanços e limites das resistências às políticas requeridas pelo banco Banco Mundial, o FMI e outros credores
Os empréstimos envenenados do Banco Mundial e do FMI ao Equador9 de Fevereiro, por Eric Toussaint
25 de Janeiro, por Eric Toussaint
3 de Janeiro, por Eric Toussaint , Olivier Bonfond , Mats Lucia Bayer
11 de Dezembro de 2020, por Eric Toussaint , Olivier Bonfond , Mats Lucia Bayer
2 de Dezembro de 2020, por Eric Toussaint , CADTM International , Jean Nanga , Christine Vanden Daelen , Sushovan Dhar , Maria Elena Saludas , Omar Aziki , Rémi Vilain
Série: 1944-2020, 76 anos de intervenção do Banco Mundial e do FMI (parte 27)
O Banco Mundial, o FMI e os direitos humanos20 de Novembro de 2020, por Eric Toussaint
Série: 1944-2020, 76 anos de intervenção do Banco Mundial e do FMI (parte 26)
O golpe de Estado permanente do Banco Mundial12 de Novembro de 2020, por Eric Toussaint
Série: 1944-2020, 76 anos de intervenção do Banco Mundial e do FMI (parte 24)
De Paul Wolfowitz (2005-2007) a David Malpass (2020): os homens de mão do presidente dos EUA continuam à frente do Banco Mundial30 de Outubro de 2020, por Eric Toussaint
professeur de mathématiques en classes préparatoires scientifiques à Orléans, porte-parole du CADTM France (Comité pour l’Annulation de la Dette du Tiers Monde), auteur de L’Afrique sans dette (CADTM-Syllepse, 2005), co-auteur avec Frédéric Chauvreau des bandes dessinées Dette odieuse (CADTM-Syllepse, 2006) et Le système Dette (CADTM-Syllepse, 2009), co-auteur avec Eric Toussaint du livre Les tsunamis de la dette (CADTM-Syllepse, 2005), co-auteur avec François Mauger de La Jamaïque dans l’étau du FMI (L’esprit frappeur, 2004).
13 de Outubro de 2020, por Eric Toussaint , Damien Millet
10 de Fevereiro de 2013, por Eric Toussaint , Damien Millet
24 de Junho de 2012, por Eric Toussaint , Damien Millet
3 de Abril de 2012, por Eric Toussaint , Damien Millet
18 de Março de 2012, por Damien Millet
1 de Março de 2012, por Eric Toussaint , Damien Millet , François Sana
6 de Agosto de 2011, por Eric Toussaint , Damien Millet
28 de Julho de 2011, por Eric Toussaint , Damien Millet , Daniel Munevar
22 de Julho de 2011, por Eric Toussaint , Damien Millet , Daniel Munevar
13 de Julho de 2011, por Eric Toussaint , Damien Millet
0 | 10