Declaração de Marrakesh: 79 anos de exploração neocolonial e destruição pelo BM e FMI, chega!

17 de Outubro por CADTM International , Collectif


Nós, movimentos sociais e climáticos, sindicatos, organizações de mulheres, pequenos agricultores e povos indígenas, organizações não governamentais e cidadãos do mundo, que participamos da contra-cúpula dos movimentos sociais contra as reuniões anuais do BM e do FMI em Marrakech, de 12 a 15 de outubro, reafirmamos nossa luta contra as dívidas ilegítimas.



É com orgulho que salientamos que nossa contra-cúpula é o ponto culminante de um processo internacional coletivo e inclusivo lançado em janeiro de 2023. Seis assembleias plenárias internacionais on-line pontuaram a preparação democrática desse encontro global. Um apelo conjunto foi redigido. Foi criado um site multilíngue. Foram realizadas inúmeras reuniões preparatórias, principalmente na África subsaariana, na região árabe em geral e no Marrocos em particular.

Mais de 60 organizações e uma dúzia de redes internacionais participaram de nossa contra-cúpula.
Na África e na região árabe, a mobilização foi ainda maior, com mais de cem delegados de países como Palestina, Iraque, Tunísia, Egito, África Ocidental, África Central, África Oriental e África do Sul.
Com quatro conferências plenárias e cerca de cinquenta workshops, além da marcha de abertura, nossa contra-cúpula foi um sucesso retumbante, trazendo para a cidade de Marrakech as vozes dos movimentos internacionais que lutam contra o colonialismo financeiro praticado pelo BM e pelo FMI desde sua criação em 1945.

Nossa contra-cúpula começou em 12 de outubro, data da chegada ao Caribe de Cristóvão Colombo e sua expedição, que abriu caminho para a conquista, a pilhagem e a exploração do continente «americano» pelo imperialismo europeu a partir de 1492. A contra-cúpula terminou em 15 de outubro, data do assassinato de Thomas Sankara, presidente de Burkina Faso, que liderava a luta pelo não pagamento das dívidas ilegítimas e pela unidade e soberania dos povos da África e do mundo. As ações, os discursos e a sabedoria de Thomas Sankara, que nos inspiraram, estiveram presentes em toda a nossa contra-cúpula.

Denunciamos os 79 anos de ditadura financeira do FMI-BM que, em aliança com o imperialismo e as classes dominantes corruptas e colonizadas dos países do Sul, manteve e reforçou a opressão de nossos povos. Mais de 500 anos de pilhagem da natureza e dos povos já são suficientes. Os direitos dos povos e da Mãe Terra devem vir antes dos lucros das multinacionais, dos governos e dos ricos.

Nossa contra-cúpula foi uma oportunidade única de aprendizado coletivo orientado para a ação. Renovamos nossa determinação de continuar nosso processo de coordenação e convergência de lutas e alternativas para plantar as sementes de uma sociedade em que o bem comum Bem comum Em economia, os bens comuns caracterizam-se pelo modo de propriedade colectiva, distinguindo-se da propriedade privada e da propriedade pública. Em filosofia, designam o que é partilhado pelos membros duma comunidade, do ponto de vista jurídico, político ou moral. , o respeito aos limites planetários, a soberania alimentar e a justiça ambiental e social tenham prioridade. Somos nós que decidiremos nosso futuro e nos recusamos a aceitar o futuro que o Banco Mundial, o FMI e seus aliados querem nos impor. É hora de pôr fim ao seu colonialismo ideológico! Defendemos uma bifurcação ecológica e energética justa, centrada em uma aliança necessária entre comunidades locais, trabalhadores, agricultores, artesãos, mulheres e movimentos feministas.

Também é hora de dizer que, se eles não cancelarem nossa dívida, nós a repudiaremos. Porque a verdadeira dívida é a dos governos e das multinacionais, sua dívida histórica, climática, ecológica e social com os povos, e com os povos do Sul global em particular!
É hora de reconhecer e valorizar o trabalho de reprodução social realizado principalmente pelas mulheres em todo o mundo.

Participamos da contra-cúpula para garantir que o Banco Mundial e o FMI não comemorem seu 80º aniversário no próximo ano, mas honrem sua dívida ecológica, histórica e neocolonial de longa data com os povos do mundo. Nosso objetivo é colocá-los, como pilares do capital, na lata de lixo da história.

Expressamos nossa solidariedade ao povo da Palestina e nos opomos aos bombardeios aéreos e às ações militares indiscriminadas e terroristas realizadas pelas autoridades israelenses. Pedimos o desmantelamento do Estado colonialista do apartheid de Israel e o respeito aos direitos dos povos de exercer sua soberania.

Também denunciamos o autoritarismo e a escalada da repressão de vários governos, principalmente na região árabe, incluindo o Marrocos, e pedimos a libertação imediata de todos os presos políticos.


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