22 de Novembro de 2022 por CADTM AYNA
A recente eleição do novo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) reforça sua caracterização como uma organização da antiga arquitetura financeira internacional, fiel aos interesses do imperialismo.
De um lado, o novo presidente, Ilan Goldfajn, vem da burocracia do Fundo Monetário Internacional (FMI) e é responsável por programas de empréstimos que beneficiaram o capital financeiro em detrimento dos direitos dos povos. O nome do Goldfajn foi proposto pelo presidente neofascista do Brasil, Jair Bolsonaro, e sua candidatura foi apoiada pelos Estados Unidos. Lembramos que o ex-presidente do Banco, Mauricio Claver-Carone, também veio das entranhas das instituições financeiras internacionais (IFI) e tinha sido o candidato de um presidente de extrema direita: o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Por outro lado, o BID tem uma história de 63 anos ao serviço dos interesses do imperialismo. Seja financiando projetos em consonância com os mandatos neoliberais de desregulamentação e privatização, aprovando créditos que acentuam o modelo extrativista nos países da região, subjugando os direitos dos povos (especialmente os direitos dos povos nativos que defendem os bens comuns), assim como bloqueando iniciativas regionalistas que seriam alternativas à velha burocracia baseada em Washington, o BID é um dos fatores que mantém e aprofunda os laços de dependência em Nossa América.
Não podemos deixar de mencionar que o próximo ano marcará o 50º aniversário do golpe de Estado no Chile, a primeira experiência de implementação do neoliberalismo em escala global, e o BID desempenhou um papel significativo: porque praticamente não aprovou nenhum projeto do governo democrático do presidente Salvador Allende, e porque rapidamente reconheceu o ditador Augusto Pinochet e aprovou inúmeros projetos do governo surgido após o golpe de Estado.
Em resumo, tanto por causa de quem ocupará o cargo de presidente como por causa da história passada e presente da instituição, o mandato de Goldfajn no BID não representa uma boa notícia para os povos de Nossa América.
A eleição do presidente do BID foi realizada em 20 de novembro. Das cinco candidaturas originais, apenas sobreviveram quatro: o chileno Nicolás Eyzaguirre, que obteve 9,9 % dos votos, o mexicano Gerardo Esquivel com 8,2 %, o trinitário Gerard Johnson com 1,6 % e o já mencionado Goldfajn com 80 %. Entre os votos obtidos por este último estavam os da Argentina, já que o país desistiu da candidatura de Cecilia Todesca Bocco e decidiu apoiar a proposta brasileira. Também não podemos deixar de mencionar que a candidatura bolsonarista do Goldfajn recebeu também o apoio do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Após a importante vitória eleitoral do povo brasileiro em 30 de outubro, na qual Bolsonaro foi derrotado nas urnas, o país (e toda a região) terá que enfrentar e desarmar os legados neofascistas do governo de Bolsonaro. No entanto, este apoio de Lula não condiz com tal desafio.
Por esta razão, enquanto CADTM, repudiamos a nomeação do novo presidente do BID e reafirmamos nosso compromisso com a criação de uma Nova Arquitetura Financeira Regional: para a suspensão dos pagamentos e investigação das dívidas da América Latina e Caribe, para o apoio e consolidação do Banco ALBA, para a reativação das iniciativas do Banco do Sul e para a defesa da soberania financeira dos povos de Nossa América.
Tradução de Alain Geffrouais
Abya Yala Nuestra América
Abya Yala é o nome dado pelos nativos Kuna do Panamá e da Colômbia ao continente americano antes da chegada de Cristóvão Colombo e dos europeus. A expressão «Abya Yala» significa «terra em sua plena maturidade» na língua dos Kunas. O líder indígena Aymara da Bolívia Takir Mamani propôs que todos os povos indígenas das Américas nomeassem suas pátrias por este nome, e usassem este nome em seus documentos e declarações orais, argumentando que «colocar nomes estrangeiros em nossas cidades, vilas e continentes é subjugar nossa identidade à vontade de nossos invasores e seus herdeiros». Abya Yala foi escolhida em 1992 pelas nações indígenas da América para designar a América.
2 de Agosto de 2019, por CADTM AYNA
23 de Maio de 2017, por CADTM AYNA
5 de Junho de 2015, por CADTM AYNA
Haiti
Conferência de Imprensa do CADTM Abya Yala Nuestra America em Port au Prince (Haiti)3 de Novembro de 2013, por CADTM AYNA
Haïti
Reunião continental do CADTM América Latina e Caraíbas, decorre em Port au Prince1 de Novembro de 2013, por CADTM AYNA
23 de Abril de 2012, por CADTM AYNA , CADTM Europe
16 de Novembro de 2009, por CADTM AYNA