30 de Maio de 2012 por Sonia Mitralias
Discurso de Sonia Mitralias pronunciado em Frankfurt na grande manifestação anticapitalista de 19 de Maio de 2012*
Camaradas,
Eu venho da Grécia, um país destruído e desesperado, um país em ruínas mas que continua de pé. Desta Grécia que resiste e que acaba de dizer um enorme e magnífico NÃO aos seus torturadores: a Troika
Troika
A Troika é uma expressão de apodo popular que designa a Comissão Europeia, o Banco Central Europeu e o Fundo Monetário Internacional.
(FMI, Comissão Europeia e BCE
Banco central europeu
BCE
O Banco Central Europeu é uma instituição europeia sediada em Francoforte e criada em 1998. Os países da zona euro transferiram para o BCE as suas competências em matéria monetária e o seu papel oficial de assegurar a estabilidade dos preços (lutar contra a inflação) em toda a zona. Os seus três órgãos de decisão (o conselho de governadores, o directório e o conselho geral) são todos eles compostos por governadores dos bancos centrais dos países membros ou por especialistas «reconhecidos». Segundo os estatutos, pretende ser «independente» politicamente, mas é directamente influenciado pelo mundo financeiro.
) e aos vossos Merkel e Schaüble, aos Barroso, Sarkozy e aos banqueiros. Em suma, àqueles que nos impõem políticas desumanas e bárbaras. Estes políticos provocam a subnutrição das crianças e mesmo a fome nas grandes cidades gregas. E tudo isto onde? Não em qualquer parte do Terceiro Mundo, mas aqui o coração da rica Europa. E quando? No momento histórico em que, como nunca antes, a humanidade mais riquezas produz.
Camaradas,
Os resultados das eleições de 6 de Maio não deixam a menor dúvida: uma enorme maioria de cidadãos gregos rejeitou as políticas de austeridade. É um verdadeiro sismo político! O país que foi escolhido para ser laboratório das políticas de austeridade está agora em revolta aberta contra os que o fazem morrer à fome e o humilham, os que fecham os seus hospitais e escolas, os que destroem e vendem este belo país por nada, contra os seus carrascos gregos e estrangeiros.
Mas atenção: os Gregos em revolta não devem ficar sós no momento em que estão a transformar a sua cólera em movimento consciente e libertador, agora que a perspectiva de um governo grego de esquerda começa a surgir no horizonte, a ser possível e realista. Se os Merkel e Sarkozy, o FMI e a Comissão Europeia fizeram dos Gregos cobaias e da Grécia laboratório das suas políticas bárbaras, cabe-nos a nós, povos da Europa, fazer igualmente da Grécia o posto avançado dos nossos combates comuns contra aqueles que destroem as nossas vidas e a natureza. Porque a resistência dos Gregos é a resistência de todos, as suas lutas são as nossas lutas...
Camaradas,
Eu venho de um país que hoje se volta para vós esperando actos concretos de solidariedade. Neste momento e não amanhã. Porque é neste momento que mais que nunca os Gregos em revolta estão directamente ameaçados de extinção por todos aqueles que receiam que o seu exemplo crie émulos e se espalhe como uma mancha de óleo por toda a Europa. E asseguro-vos, os gregos em revolta estão convencidos que a melhor solidariedade é que a Europa os imite. Que em cada país seja imitado o seu exemplo. Que desenvolvamos e coordenemos as resistências contra as políticas desumanas de austeridade e de destruição. Aliás, é isso precisamente que receiam os nossos inimigos comuns: O CONTÁGIO! O contágio das lutas em toda a Europa.
Por isso, sim, façamos isso, FAÇAMOS UMA, DUAS TRÊS, MUITAS GRÉCIAS! Ponhamo-nos em rede, coordenemo-nos, organizemos metodicamente um movimento unitário e radical, de massas e democrático, sobre todo o nosso velho continente, em toda a Europa, da Roménia à Irlanda e de Itália à Islândia. Um movimento de longo fôlego e de grandes ambições emancipadoras, que combine a unidade mais ampla com a radicalidade libertadora. Agora é a hora. Porque unidos venceremos, divididos cairemos!
Obrigada, camaradas.
Em 19 de Maio, 25 mil pessoas protestaram em Frankfurt contra as políticas de austeridade, em solidariedade com o resto da Europa. Foram vigiados por um corpo de 5000 polícias que paralisou o sistema de transportes e que na véspera já efectuara 600 detenções.
Tradução : Leonor
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