4 de Junho de 2020 por Eric Toussaint , La Izquierda Diario
Éric Toussaint conversou com La Izquierda Diário sobre o endividamento da Argentina, a negociação do governo Alberto Fernández e a situação mundial de sobre-endividamento dos estados, empresas e famílias populares.
Toussaint nasceu na Bélgica. Ele é historiador, doutor em ciências políticas e ativista político. Ele fundou o Comitê para a Abolição de Dívidas Ilegítimas (CADTM). Ele é uma das pessoas que mais estudou sobre o endividamento de países ao redor do mundo.
Veja o vídeo neste endereço.
Sobre a negociação que o ministro da economia, Martín Guzmán, enfrenta, Toussaint explicou que é «claramente contra esse tipo de negociação, porque entrar em negociações com o FMI significa reconhecer os acordos com o FMI, quando na essência era necessário adotar um ato soberano unilateral no início desde do mandato do novo governo, por se tratar de acordos da era Macri e anteriores que feriam os interesses do povo argentino, pois significavam o ataque aos direitos sociais básicos». Para ele trata-se de uma divida odiosa. Ou seja, contratos que envolvem a contratação de uma dívida que vai contra o interesse do povo e favor dos credores, sabendo que isso seria contra o interesse da nação e do povo.
Em relação aos governos progressistas e economistas keynesianos «como Joseph Stiglitz, que pede aos governos que solicitem mais créditos Créditos Montante de dinheiro que uma pessoa (o credor) tem direito de exigir a outra pessoa (o devedor). do FMI em termos de DES - Direitos Especiais de Saque», o historiador apontou que «sou contra porque são créditos do FMI, não se trata de uma ajuda do FMI. São créditos e devem ser reembolsados com uma taxa de juros que impõe uma condicionalidade do FMI». Para ele o que se chamou de cancelamento de dívida do FMI com os 20 países mais pobres «é uma mentira: não há anulação alguma. Foi anunciada há um mês, mas na realidade esses países continuam a pagar ao FMI».
Quanto aos credores privados da Argentina, Toussaint disse que é preciso ser duro «porque eles foram cúmplices também: compraram títulos a 100 anos com uma taxa de pouco menos de 8 % de juros, quando os bancos que compraram esses títulos se financiaram na Reserva Federal norteamericana ou no Banco Central Banco central Estabelecimento que, num Estado, tem a seu cargo em geral a emissão de papel-moeda e o controlo do volume de dinheiro e de crédito. Em Portugal, como em vários outros países da zona euro, é o banco central que assume esse papel, sob controlo do Banco Central Europeu (BCE). Europeu a uma taxa quase de zero por cento nessa época. Então esses credores privados também não têm direito ao reembolso».
Ele também se referiu à situação da gigante de dívida pública Dívida pública Conjunto dos empréstimos contraídos pelo Estado, autarquias e empresas públicas e organizações de segurança social. global. Segundo Eric «existe uma consciência em todo o mundo que essa dívida é mais uma vez impagável. Ao nível da consciência popular há em várias regiões - como a região árabe e o Norte da África - uma radicalização. Segundo ele, acabou de ser assinado por parte dos movimentos sociais da região árabe um apelo ao repúdio da dívida e à revogação de acordos de «parceria» econômica entre a União Europeia e esses países. Repudia-se também os acordos de livre comércio».
Toussaint explicou que o problema da dívida também afeta a própria União Europeia. Sendo, portanto, um problema mais geral: «não apenas existem dívidas públicas impagáveis», mas também «todos os governos europeus estão resgatando grandes empresas», como a Alemanha. O mesmo faz a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu
Banco central europeu
BCE
O Banco Central Europeu é uma instituição europeia sediada em Francoforte e criada em 1998. Os países da zona euro transferiram para o BCE as suas competências em matéria monetária e o seu papel oficial de assegurar a estabilidade dos preços (lutar contra a inflação) em toda a zona. Os seus três órgãos de decisão (o conselho de governadores, o directório e o conselho geral) são todos eles compostos por governadores dos bancos centrais dos países membros ou por especialistas «reconhecidos». Segundo os estatutos, pretende ser «independente» politicamente, mas é directamente influenciado pelo mundo financeiro.
quando oferecem «presentes para grandes empresas, como Renault, Airbus e bancos». Assim, «enquanto as dívidas soberanas aumentam, as dividas das grandes empresas dívidas serão perdoadas. Tal fato representam socialização das perdas».
Éric comparou a situação atual com o que ocorreu na América Latina com a nacionalização de dívidas de empresas privadas nas décadas de 1980 e 1990, ou na Europa em 2008 e 2010. Por fim, observou que «com a perda de renda, com um desemprego elevado e duradouro, as dívidas das famílias das classes populares aumentam: dívida do consumidor, dívida hipotecária, incapacidade de pagar o aluguel, incapacidade de pagar o custo da saúde ou da educação».
Toussaint concluiu que «as dívidas soberanas, bem como as dívidas de grandes empresas privadas e as dívidas das famílias das classes populares, tornam-se uma questão central sobre a qual propostas radicais devem ser adotadas. No caso de empresas públicas soberanas e das famílias das classes populares as dívidas deveriam ser canceladas. E no caso de grandes empresas privadas, é preciso recusar a socialização das suas perdas, expropriando os grandes acionistas dessas empresas e transformando-as em empresas públicas».
Fonte: La Izquierda Diario, revisto e editado por Rui Viana Pereira
docente na Universidade de Liège, é o porta-voz do CADTM Internacional.
É autor do livro Bancocratie, ADEN, Bruxelles, 2014,Procès d’un homme exemplaire, Editions Al Dante, Marseille, 2013; Un coup d’œil dans le rétroviseur. L’idéologie néolibérale des origines jusqu’à aujourd’hui, Le Cerisier, Mons, 2010. É coautor com Damien Millet do livro A Crise da Dívida, Auditar, Anular, Alternativa Política, Temas e Debates, Lisboa, 2013; La dette ou la vie, Aden/CADTM, Bruxelles, 2011.
Coordenou o trabalho da Comissão para a Verdade sobre a dívida pública, criada pela presidente do Parlamento grego. Esta comissão funcionou sob a alçada do Parlamento entre Abril e Outubro de 2015.
Série: Os bancos e a doutrina «demasiado grandes para serem condenados» (Parte 2)
Estados Unidos: Os abusos dos bancos no setor imobiliário e as ações de despejo ilegais23 de Abril de 2014, por Eric Toussaint
Série: Os bancos e a doutrina «demasiado grandes para serem condenados» (parte 1)
Os bancos e a nova doutrina «Too Big to Jail»19 de Março de 2014, por Eric Toussaint
17 de Março de 2014, por Eric Toussaint
28 de Fevereiro de 2014, por Eric Toussaint
21 de Fevereiro de 2014, por Eric Toussaint
12 de Fevereiro de 2014, por Eric Toussaint
9 de Dezembro de 2013, por Eric Toussaint
13 de Novembro de 2013, por Eric Toussaint
10 de Novembro de 2013, por Eric Toussaint
31 de Outubro de 2013, por Eric Toussaint , Thomas Coutrot , Patrick Saurin
0 | ... | 190 | 200 | 210 | 220 | 230 | 240 | 250 | 260 | 270 | ... | 320
9 de Janeiro de 2020, por La Izquierda Diario