Os bancos são armas de destruição maciça
Parte 2 da série: A Pandemia do Capitalismo, o Coronavírus e a Crise Econômica
28 de Março de 2020 por Eric Toussaint
As ações do banco caíram em todo o mundo desde meados de fevereiro de 2020 (ver os infográficos no corpo do artigo). Se os grandes acionistas estão se livrando das ações dos bancos em prioridade, é porque eles estão entre os mais arriscados.
Governos e autoridades bancárias mentem sistematicamente sobre o boletim de saúde dos bancos. Os grandes meios de comunicação transmitem este discurso mentiroso porque dependem em grande parte dos bancos, que financiam parte da publicidade de que vivem. Alguns banqueiros ou grandes acionistas de bancos possuem grandes meios de comunicação ou agências de notícias como a Bloomberg que informam sobre a situação dos mercados financeiros. Os planos de salvamento postos em prática pelos bancos centrais não visam satisfazer as necessidades urgentes das populações afetadas pela pandemia do coronavírus. Seja na Europa, nos Estados Unidos, no Japão ou na China, a ajuda financeira maciça concedida pelos bancos centrais visa principalmente proteger e salvar os grandes acionistas dos bancos privados em particular e o sistema de dominação capitalista em geral.
É fundamental dizer a verdade sobre os bancos e conseguir convencer cada vez mais pessoas de que os grandes acionistas dos bancos, ou seja, os capitalistas proprietários dos bancos, devem ser expropriados
É fundamental dizer a verdade sobre os bancos e conseguir convencer cada vez mais pessoas de que os grandes acionistas dos bancos, ou seja, os capitalistas proprietários dos bancos, devem ser expropriados. A expropriação deve ser realizada sem compensação e deve permitir criar um verdadeiro serviço público de poupança, crédito e seguros sob controle cidadão. Isto é o que o CADTM chama a completa socialização dos bancos e dos seguros.
Esta medida deve fazer parte de um programa mais amplo que inclua a suspensão do pagamento da dívida seguida do cancelamento de dívidas ilegítimas, sejam elas privadas ou públicas, o fechamento das bolsas de valores, a criação de um verdadeiro serviço público de saúde nacional gratuito, a expropriação sem compensação das empresas farmacêuticas e laboratórios de pesquisa privados e sua transferência para o setor público sob controle cidadão, a expropriação sem compensação das empresas do sector energético (para poder levar a cabo a luta contra a crise ecológica de forma planeada) e muitas outras medidas radicais e fundamentais, incluindo medidas de emergência para melhorar imediatamente as condições de vida da maioria da população.
A resposta necessária à pandemia do coronavírus deve ser uma oportunidade para promover uma verdadeira revolução para mudar radicalmente a sociedade em seu modo de vida, seu modo de propriedade, seu modo de produção, nos valores que inspiram os comportamentos. Esta revolução acontecerá se as vítimas do sistema se tornarem auto-activas, auto-organizadas e desalojarem ou expulsarem o 1 % e os seus lacaios dos diferentes centros de poder, a fim de criar um verdadeiro poder democrático. É necessária uma revolução ecossocialista, autogestionária e feminista.
A resposta necessária à pandemia do coronavírus deve ser uma oportunidade para promover uma verdadeira revolução para mudar radicalmente a sociedade
Os bancos estão indo muito mal, ao contrário do que diz o discurso oficial. Cuidado, não se enganem. Os bancos, enquanto instituições, estão mal das pernas, mas isso não significa que os seus principais acionistas e gestores não obtenham importantes rendimentos com eles. Pelo contrário, uma das razões pelas quais os bancos estão mal de saúde é que os principais acionistas e gestores estão sugando máximo possível de dinheiro das receitas dos bancos.
Os bancos têm distribuído dividendos muito importantes aos seus acionistas ao longo dos últimos anos. Os seus gestores são muito bem pagos. Mas há uma forma indireta de ganhar dinheiro para os grandes acionistas: a recompra de ações por parte do banco.
Uma das técnicas utilizadas pelos grandes bancos para aumentar a renda e o patrimônio dos acionistas é comprar de volta suas ações na bolsa de valores. Nos últimos anos, eles têm usado esta técnica sistematicamente, particularmente nos Estados Unidos, em grande escala. Se os preços das ações dos bancos subiram nas alturas até o início de fevereiro de 2020, é porque os diretores dos bancos, com o acordo dos principais acionistas, fizeram com que os bancos comprassem suas ações de volta, muitas vezes utilizando a liquidez generosamente fornecida pelos bancos centrais a pouco ou nenhum custo. A quem é que os bancos compraram as suas ações de volta? Dos seus principais acionistas, claro. Isto proporciona-lhes uma renda muito grande. Vamos colocar isto de forma simples. Tomemos o exemplo de um grande acionista que comprou um pacote de ações com um preço unitário de 70. Se o preço subiu para 100 e o grande acionista vende algumas das ações ao seu próprio banco, ele recebe 100 por cada ação, o que é 30 a mais do que pagou. Em alguns países, as «mais-valias» sobre ações nem sequer são tributáveis sob o pretexto de encorajar os mercados bolsistas!
É ainda mais interessante para os grandes acionistas vender de volta as ações ao(s) seu(s) banco(s) – uso o plural porque os grandes acionistas são acionistas de vários bancos – do que receber dividendos, susceptíveis de serem mais tributados do que um ganho de capital sobre as ações. Digamos que os grandes acionistas combinam os dois rendimentos: vendem parte das suas ações e colhem um ganho de capital e, pelas outras ações, recebem o dividendo.
Uma das técnicas utilizadas pelos grandes bancos para aumentar a renda e o patrimônio dos acionistas é comprar de volta suas ações na bolsa de valores
O anúncio de que uma empresa vai recomprar as suas próprias ações é geralmente bem recebido pelos acionistas, porque as empresas oferecem frequentemente um «prêmio», ou seja, um preço de recompra superior ao último preço de fechamento da ação em questão. Isto incentiva os acionistas a levarem suas ações ao mercado de recompra, o que tem a vantagem adicional de levantar o preço do título no mercado acionista.
A recompra (e portanto a eliminação) das próprias ações do banco oferece outra vantagem: o volume de ações em circulação é reduzido e, como resultado, a relação entre o montante de dividendos distribuídos e o volume de ações em circulação aumenta. A «rentabilidade» ou rendimento aumenta, o que cria artificialmente uma demanda pelas ações ainda em circulação; elas são vendidas a um preço maior na bolsa de valores e o preço das ações do banco sobe.
A recompra (e portanto a eliminação) das próprias ações do banco oferece outra vantagem: o volume de ações em circulação é reduzido e, como resultado, a relação entre o montante de dividendos distribuídos e o volume de ações em circulação aumenta
Como escreve o Financial Times, especialista na área: «As recompras de ações são neutras, em teoria, para o valor de uma empresa, porque cada dólar repassado aos acionistas é um dólar a menos no seu balanço» [1]. No entanto, uma redução no número de ações em circulação aumenta os lucros por ação – o que muitas vezes pode elevar os preços – enquanto aumenta também a remuneração dos executivos» (Financial Times, «Bank-led freeze on stock buybacks could spread across US market», 20 de março de 2020).
A notar que entre o início de 2009 e o final de Setembro de 2019, os principais bancos norte-americanos gastaram 863 mil milhões de dólares em recompras de ações ([Corporate Finance Briefing: S&P 500 Buybacks & Dividends], 23 de Março de 2020, Graph/Figure 15 «Financials»). Depois do setor dominado por Google, Apple, Amazon e Facebook, que operou recompra de ações num montante de US$ 1394 bilhões, o setor bancário nos Estados Unidos é o que executou o maior volume de recompras de ações, muito mais do que o setor industrial ou os setores de energia e bens primários. O total de recompras em todos os sectores nos Estados Unidos durante o mesmo período chegou a mais de 5250 mil milhões de dólares. Este é um dos principais fatores por trás da bolha do mercado acionista. O mesmo fenômeno pode ser observado em outros continentes com os mesmos efeitos.
Gráfico 1: Os bancos recompram as suas próprias ações
Gráfico 2: Montantes acumulados das recompras de ações pelos bancos, entre o 1.º trimestre de 2007 e o 3.º trimestre de 2019
Todo o aumento no valor das ações do banco nos últimos anos foi revertido. Entretanto, os grandes acionistas «realizaram seus lucros», como se diz no jargão dos comentaristas da bolsa de valores
Enquanto as bolsas de valores são supostamente o lugar onde os empresários capitalistas levantam capital adicional através da venda de suas ações para desenvolver seus negócios, na realidade eles operam como templos da especulação Especulação Operação que consiste em tomar posição no mercado, frequentemente contracorrente, na esperança de obter um lucro. onde as empresas vêm comprar de volta suas próprias ações para favorecer seus principais acionistas. Esta é uma das razões pelas quais as bolsas de valores deveriam ser fechadas.
Estes são movimentos puramente artificiais de capital fictício [2]. Mas a ilusão pode durar anos. E é isso que estava acontecendo.
Mas não podia durar para sempre. Nos últimos dois ou três anos, muitos economistas heterodoxos e várias organizações internacionais vinham anunciando o fim do ciclo da bolsa de valores, porque era óbvio que uma bolha especulativa Bolha especulativa A bolha económica, bolha financeira ou bolha especulativa forma-se quando o nível dos preços de troca num mercado (mercado de activos financeiros, mercado de câmbios, mercado imobiliário, mercado de matérias-primas, etc.) se estabelece muito acima do valor financeiro intrínseco (ou fundamental) dos bens ou activos trocados. Neste tipo de situação, os preços afastam-se da valorização económica habitual, com base numa crença manifestada pelos compradores. tinha se desenvolvido e ia estourar. A partir de meados de fevereiro de 2020, após a propagação da epidemia do coronavírus e seus efeitos na locomotiva chinesa, os principais acionistas consideraram que a festa tinha acabado e de repente decidiram vender quantidades muito grandes de lotes de ações. Foram os primeiros a vender e a embolsar um máximo de lucros. Muitos fundos de pensão e fundos de investimento seguiram o exemplo e deram ordens para vender, levando a uma forte queda no preço das ações.
Com a crise entre fevereiro e março de 2020, os bancos estadunidenses anunciaram em meados de março que deixariam de comprar suas próprias ações porque, de acordo com o Financial Times, novas recompras provavelmente pegariam mal na opinião pública.
Devemos distinguir entre os grandes acionistas dos bancos que fazem lucros e os próprios bancos que estão vendo o seu capital e veem o preço das suas ações cair e devem anunciar perdas e, alguns deles, a falência
Durante março de 2020, os discursos tranquilizadores dos líderes dos principais bancos centrais tiveram o efeito oposto. Os acionistas dos bancos pensavam que se os bancos centrais estavam a anunciar medidas tão imponentes (voltarei a este assunto num artigo futuro desta série), era porque a hora era realmente séria e havia que vender o que podia ser vendido sem perder um minuto, antes que os preços caíssem ainda mais. Todo o aumento no valor das ações do banco nos últimos anos foi revertido. Entretanto, os grandes acionistas «realizaram seus lucros», como se diz no jargão dos comentaristas da bolsa de valores. Eles têm vendido pacotes de ações embolsando a diferença entre o preço de compra que pagaram no início da bolha do mercado de ações e o início do movimento de venda durante a temporada de vendas e liquidações. Eles encontraram compradores em fundos de investimento e hedge funds à procura de preços de liquidação. Os grandes acionistas não venderam tudo: agora que o preço das ações caiu muito, eles mantêm o que não venderam, o que lhes permite manter um peso decisivo no banco (com 4 a 6 % das ações, um grande acionista pode controlar uma empresa, seja ela um banco ou outra empresa). Estes grandes acionistas estão esperando que os governos e os bancos centrais, com o seu plano de ajuda, façam subir os preços nos próximos meses. Aqui, deve ser salientado que é muito cedo para fazer previsões sobre quanto tempo esta crise vai durar e quanto tempo levará para os mercados bolsistas se recuperarem. Pode demorar alguns meses, como pode durar vários anos. Além da duração da pandemia, a duração da crise no setor produtivo, os eventos sociais e políticos também podem influenciar fortemente essa duração.
De imediato, os bancos reportarão as perdas e não pagarão impostos. Eles vão receber uma profusão de novos presentes de governos e bancos centrais. Cuidado, devemos fazer a diferença entre os grandes acionistas dos bancos que fazem lucros e os próprios bancos que estão vendo o seu capital e veem o preço das suas ações cair e devem anunciar perdas e, alguns deles, a falência. Os grandes acionistas veem o banco como uma ótima fonte de rendimento, mesmo que isso leve o banco à beira da falência. Eles estão convencidos de que o banco ou bancos em que são acionistas é ou são grandes demais para falharem de fato. Eles sabem que as autoridades públicas lideradas pelos seus amigos no governo e o banco central Banco central Estabelecimento que, num Estado, tem a seu cargo em geral a emissão de papel-moeda e o controlo do volume de dinheiro e de crédito. Em Portugal, como em vários outros países da zona euro, é o banco central que assume esse papel, sob controlo do Banco Central Europeu (BCE). ajudarão os bancos para os salvar com o dinheiro dos contribuintes. Eles são os primeiros a se livrarem de muitas das ações quando o preço das ações cai, mas eles guardam tanto que sempre serão capazes de controlar a situação. Os grandes acionistas são protegidos pela lei, que considera que a responsabilidade do acionista se limita às ações que detém na empresa. Mesmo que os grandes acionistas sejam responsáveis por enormes perdas, tudo o que eles arriscam é perder a sua parte. No entanto, eles não têm todos os seus ovos em uma cesta, são acionistas de várias empresas em diferentes setores e suas fortunas também são diversificadas. Uma grande parte da sua riqueza é constituída por bens mais fortes do que ações: imóveis, bens artísticos valiosos, ouro, iates, aviões, …
Os grandes acionistas são protegidos pela lei, que considera que a responsabilidade do acionista se limita às ações que detém na empresa
Como já expliquei em artigos anteriores (http://cadtm.org/A-Pandemia-do-Capitalismo-o-Coronavirus-e-a-Crise-Economica e http://cadtm.org/Nao-o-coronavirus-nao-e-responsavel-pela-queda-nos-precos-das-acoes), há que acrescentar que os grandes acionistas (e outros especuladores) jogam na alta e na baixa quando os mercados bolsistas estão muito turbulentos. No dia em que o mercado está em baixa, no início da sessão de negociação, os acionistas vendem pacotes de ações e durante o dia ou na manhã seguinte, se o mercado voltar a ter alta, eles são os primeiros a comprar ações de volta quando o preço está no seu nível mais baixo. É assim que vemos dias em que os preços das ações caem, seguidos de dias em que eles se recuperam efemeramente. Mas neste momento a tendência é claramente descendente e os grandes acionistas estão se livrando de grandes pacotes de ações.
Na Europa
Entre 17 de Fevereiro e 12 de Março de 2020, os preços das ações dos bancos europeus caíram literalmente, com a maioria deles a perder entre 30 e 45 %. No caso da Natixis (que foi resgatada da falência durante a crise anterior), a queda foi de 54 %.
Durante o mesmo período, as ações dos principais bancos escandinavos também caíram drasticamente. Nordea (Finlândia) mergulhou 38 %, SEB (Suécia) caiu 32 %, Handelsbanken (Suécia) caiu 28 %, Swedbank (Suécia) perdeu 24 %, Danske Bank (Dinamarca) perdeu 36 %.
Nas Américas
As ações dos 8 maiores bancos americanos caíram drasticamente. Os bancos canadianos também caíram, mas menos do que os seus vizinhos. As ações dos principais bancos no México, Colômbia, Brasil, Chile e Argentina também caíram, e isto continuou depois disso.
Na Ásia
Todos os principais bancos dos principais países asiáticos também caíram na bolsa de valores. A queda dos bancos chineses é muito mais limitada do que a do resto do mundo, mas cuidado, esta queda já tinha começado em janeiro. Os bancos japoneses foram os que mais caíram.
Na África
As ações dos bancos das 4 maiores economias da África também caíram. Os bancos na Nigéria foram os mais afetados pela queda dos preços das ações.
Classificação dos bancos de acordo com a medida em que as suas ações caíram entre 17 de Fevereiro e 13 de Março de 2020
Podemos ver muito claramente que são as ações dos bancos europeus que caíram mais entre 17 de Fevereiro e 13 de Março de 2020.
Na próxima parte desta série, vou continuar a análise da situação dos bancos. Há ainda muito material a ser desenvolvido a este respeito. Depois abordarei outros aspectos da crise econômica e financeira internacional: o colapso dos preços do petróleo; o início do estouro da bolha no mercado obrigacionista privado; o mergulho nos preços dos títulos da dívida privada e a subida acentuada dos rendimentos e dos prêmios de risco; a boa saúde dos títulos da dívida pública Dívida pública Conjunto dos empréstimos contraídos pelo Estado, autarquias e empresas públicas e organizações de segurança social. ; os seus preços estão a subir. Os governos das economias dominantes estão se financiando com taxas de juros negativas, mas estão acumulando dívidas ilegítimas. Acrescentemos o mergulho das companhias aéreas e da indústria da aviação. Irei abordar as respostas dos bancos centrais e dos governos.
Dada a rápida evolução da crise, o plano desta série é dinâmico. Em cada parte essencial, apresentarei propostas de ação.
Tradução: Alain Geffrouais
Revisão: Rui Viana Pereira
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O autor agradece a Bruno Colbalchini por produzir os infográficos dos bancos e também a Victor Isidro, Camila Galindo, John Freddy Gomez, Sushovan Dhar, Julio Gambina, Daniel Munevar e Bruno Colbalchini por sua ajuda na pesquisa de informações sobre os preços das ações dos bancos.
[1] «Stock buybacks are neutral, in theory, for a company’s value as every dollar handed back to shareholders is a dollar less on its balance sheet. However, a reduction in the number of the shares outstanding increases earnings per share — which can often lift prices — while also boosting pay for managers».
[2] «O capital fictício é uma forma de capital (títulos da dívida pública, ações, dívidas) que circula enquanto os rendimentos da produção a que dão direito são meras promessas, cujo resultado é, por definição, incerto». Conversa com Cédric Durand conduzida por Florian Gulli, «Le capital fictif, Cédric Durand», La Revue du projet: http://projet.pcf.fr/70923.
De acordo com Michel Husson, «o quadro teórico de Marx permite-lhe a análise do “capital fictício”, que pode ser definido como o conjunto de ativos financeiros cujo valor se baseia na capitalização de um fluxo de rendimento futuro: «Chamamos à capitalização a constituição de capital fictício»» [Karl Marx, O Capital, Livro III]. Se uma ação proporcionar uma renda anual de £ 100 e a taxa de juros for de 5 %, seu valor capitalizado será de £ 2000. Mas este capital é fictício, na medida em que «não há absolutamente nenhum vestígio de qualquer ligação com o processo real de valorização do capital» [Karl Marx, O Capital, Livro III]. Michel Husson, «Marx et la finance: une approche actuelle», À l’Encontre, dezembro de 2011, https://alencontre.org/economie/marx-et-la-finance-une-approche-actuelle.html.
Para Jean-Marie Harribey: «As bolhas explodem quando a distância entre o valor realizado e o valor prometido se torna demasiado grande e alguns especuladores compreendem que as promessas de liquidação lucrativa não podem ser honradas para todos, ou seja, quando as mais-valias financeiras nunca poderão ser realizados por falta de mais-valias suficientes na produção». Jean-Marie Harribey, «La baudruche du capital fictif, lecture du Capital fictif de Cédric Durand», Les Possibles, N° 6 - Printemps 2015: https://france.attac.org/nos-publications/les-possibles/numero-6-printemps-2015/debats/article/la-baudruche-du-capital-fictif.
docente na Universidade de Liège, é o porta-voz do CADTM Internacional.
É autor do livro Bancocratie, ADEN, Bruxelles, 2014,Procès d’un homme exemplaire, Editions Al Dante, Marseille, 2013; Un coup d’œil dans le rétroviseur. L’idéologie néolibérale des origines jusqu’à aujourd’hui, Le Cerisier, Mons, 2010. É coautor com Damien Millet do livro A Crise da Dívida, Auditar, Anular, Alternativa Política, Temas e Debates, Lisboa, 2013; La dette ou la vie, Aden/CADTM, Bruxelles, 2011.
Coordenou o trabalho da Comissão para a Verdade sobre a dívida pública, criada pela presidente do Parlamento grego. Esta comissão funcionou sob a alçada do Parlamento entre Abril e Outubro de 2015.
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